quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Chico Pedra Poeta Jardinense Cantador de Viola.

Outono de um cantador...

Em modesto endereço na Rua General Péricles, no bairro Ilha de Santa Luzia, repousa uma lenda viva da cantoria popular nordestina. Aos 94 anos, Francisco Fabrício de Oliveira, "Chico Pedra", ainda conserva na memória décadas dedicadas à viola. O tempo não apagou lembranças da época de sucesso do seu canto improvisado e sertanejo.
Chico Pedra foi cantador de viola profissional por mais de quarenta anos. Cantou com mais de cem violeiros, entre os quais João da Silveira, irmãos Batista, Ivanildo Vila Nova, Antônio Nunes de França, Diniz Vitorino, João Bandeira, Manuel Calixto, Apolônio Cardoso, Eliseu Ventania do qual era amigo intimo, João Liberalino, Ercílio Pinheiro, entre outros, chico chegou a cantar em uma ocasião para nada mais nada menos que Câmara Cascudo na cidade do Natal.
Começou a cantar menino, batendo em garrafa com pedra. O apelido de infância virou nome artístico, e Chico Pedra fez da cantoria meio de vida. "Foi com a cantoria que eu me fiz e criei minha família. Essa casa, por exemplo, foi comprada com dinheiro de cantoria", conta o velho violeiro, ainda habilidoso com a palavra.
A alcunha Chico Pedra vem do pai, José Fabrício de Oliveira, que, natural de Pedra Lavrada (PB), virou Zé Pedra quando chegou ao Seridó, onde se casou com Maria Madalena da Conceição (Lilia), tendo uma família de 8 filhos sendo 3 mulheres e 5 homens, Maria Edite, Francisca,Evilásia, João Pedra, Paulo Pedra, Cristiano, Juarez e Zé Pedra, dos oito filhos de Chico permanecem vivos apenas 5 deles, em Jardim reside apenas Juarez e o restante moram na cidade de Patu-RN. Chico Pedra nasceu em Jardim de Piranhas, em 17 de setembro de 1918. Trabalhou na roça e nela absorveu influência sertaneja que marcaria sua trajetória de cantador.
"A poesia de Chico Pedra é simples como o povo. Ele, inspirado como poucos poetas, rico de expressão popular e dotado de uma forte capacidade nata de transmitir no seu linguajar, todo o pensamento de um povo sofrido, lutador e inspirado", comenta o poeta Crispiniano Neto, presidente da Fundação José Augusto (FJA).

LUCIDEZ
Chico Pedra recebeu a equipe de Nosso Blog, na manhã de hoje, de forma afável e educada. Após apresentações, logo começou a rememorar antigos parceiros, inesquecíveis versos, velhas histórias, com impressionante lucidez. Como a do jovem que, numa cantoria em Mossoró, deu o mote: "boca beijada não beijo".
Chico emendou, de improviso, como sempre cantava: "A mulher sendo beijada por outro homem qualquer/pode ser boa mulher, mas para mim não vale nada/porque sendo depravada não satisfaz meu desejo/eu não gosto de sobejo e sua boca suja não tolero/amor de dois eu não quero e boca beijada não beijo".
Todos esses versos cantados à equipe de reportagem de forma contínua, sem pausas, o que revela a memória privilegiada do velho violeiro. E vai além ao relembrar preconceito vencido para ser cantador, profissão estigmatizada por alguns, inclusive pelo próprio pai, que não lhe queria na carreira, "porque os violeiros morriam de tuberculose".
Certa vez, encontrou-se com um chefe político de Campo Grande, em campanha eleitoral. "Isso não é profissão de homem!", repreendeu. Chico Pedra pôs-se de pé e rebateu: "No tempo que trabalhava na roça, só tinha uma roupa, lavando e vestindo. Hoje, com minha profissão de cantador, possuo terra, transporte, gado e vivo bem". O "coronel" não disse mais nada. Fez sinal de positivo com a cabeça e foi-se.
Coração: troca da viola pela vida
Chico Pedra até hoje se orgulha de ter cantado para o folclorista Câmara Cascudo. O dom lhe fez mestre na arte do improviso. "Há cantador que canta decorado, mas eu sempre cantei de forma improvisada", jacta-se. Também se destacou pela habilidade com as palavras, com quem se familiarizou a custa de muito esforço.
"Quando rapaz, frequentei uma aula, nove meses apenas, fiz prova para o terceiro ano, passei em segundo lugar. Tudo era difícil, mas não desisti. Sem ter nenhuma oportunidade, fiquei estudando só com os livros. Lia e decorava tudo", relembra.

O FIM DA PROFISSÃO
A primeira cantoria foi em julho de 1943. As demais se seguiram por décadas. Até que, há cerca de vinte anos, um médico cardiologista de Mossoró lhe disse: "Seu coração não está bom. O senhor tem que encostar a viola".
Não satisfeito, Chico Pedra foi à consulta em Natal, mas de novo foi desestimulado a continuar na profissão. Não podia ter fortes emoções. O coração não aguentaria. Aceitou. Presenteou a viola a um amigo. Trocou, portanto, a cantoria pela vida.
"Tive um pouco de desgosto, mas estava conformado, porque Deus já havia concedido que eu fosse cantador aqueles anos todos", conta. Mas confessa, resignado, que ainda sente falta da cantoria: "Me servia muito, mas minha lembrança já não está muito boa".
Após largar a viola, aposentou-se como agricultor e vive de forma modesta no bairro Ilha de Santa Luzia, na casa que comprou com dinheiro de cantoria. Apesar da debilidade cardíaca, não consegue conter emoções. Durante a entrevista, emocionou-se várias vezes ao recitar antigos versos e lembrar velhos parceiros, a voz embargada, a lágrima no canto do olho: "A cantoria é minha vida".
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Chico Pedra é um Filho de Jardim de Pirnahas-RN, é pai da prefeita de Patu Evilásia Gildenia, em Jardim ele é pai da Saudosa Profesora Maria Edite Batista, de Juarez e de Zé Pedra (já falecido)  para nós deste blog é uma alegria fazer esta homenagem. Chico ainda continua lúcido e esta com 94 anos de idade, sempre que vem a jardim fica na casa de seu filho Juarez perto da Escola Amaro Cavalcante o segundo grau novo, em suas visitas a Jardim pontos como a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Aflitos,  Rio Piranhas, Túmulo de sua esposa no cemitério velho e visitas a amigos dos tempos de juventude como José Henrique de Araújo e Jeoci Vale de Freitas são indispensáveis para ele, tem uma enorme paixão pela cidade de Mossoró-RN, ao ser perguntado se quer vir morar em Jardim o mesmo respode: "só deixo meu endereço de lá quando a morte me chamar" diz ele gosta muito de Jardim tanto é que vem com frequencia ao município mas ele conta que foi em Mossoró onde foi reconhecido e alí ganhou um bom dinheiro de onde pode enviar para sua esposa no Sítio Morcêgo hoje Campo de Paz para alimentar e assim manter a família "permanecer em Mossoró até meus últimos dias de vida para mim é uma Gratidão a cidade pelo que me propôs" diz ele. Pedimos ao Prefeito Municipal que diante de tanta Grandeza Cultural deste poeta já velhinho, possa ser homenageado enquanto vivo, seja com um monumento, seja apenas com um papel com algo escrito, seja na Câmara com uma Seção em Sua Homenagem, mas que seja feito!!! ele merece! para nós parece algo simples mas para ele o simples é de muita valia. está dado a Sujestão. Parabéns Seu Chico!

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